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Minha nave espacial sabe aonde ir


© Leonardo França

Space Oddity, de David Bowie, é uma música que viaja o mundo desde o seu lançamento em 1969. Major Tom estará sempre no espaço, assim como no pensamento daqueles que desejam encontrá-lo, vivo e morto. Essa procura, sem tempo para acabar, mistura-se com outras, apresentadas em filmes como 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick, O Retorno de Jedi (1963), realizado por Richard Marquand; ou mesmo com aquelas feitas dentro do quarto, na casa do vizinho e na escola com os amigos.

Na falta de uma estrutura que nos leve até o espaço, criamos uma outra que nos deixa na terra e nas estrelas. Estar em dois lugares parece ser mais divertido, porque não precisamos optar por um ou por outro: podemos simplesmente estar nos dois, e a sensação de estar em dois lugares pode ser tão excitante que precisa ser compartilhada com quem está por aqui e por ali.

Uma lâmpada deixa de ser lâmpada, uma cor deixa de ser cor, uma pessoa deixa de ser pessoa, morrer deixa de ser morte. Quando as imagens formadas pela ilusão de uma viagem são vividas em grupo, fazem da ilusão um lugar de chegada. Estaremos sempre lá – quando quisermos. A vida existe quando abrimos os olhos pela manhã e quando, também, os fechamos. Abrir e fechar, lutar e cansar, viver e morrer, perder e ganhar passam a ser as atividades do dia a dia de quem se permite procurar.

O fantástico nos ajuda a entender um monte de coisas que uma lição de casa não percebe: as sublimações, os desejos, as necessidades virtuais de uma e duas e três e quatro e cinco e seis pessoas e de cada uma das partes de seus universos, pontos de luz.

Desastro passou pelo corpo das pessoas em um teatro e em uma nave espacial sabendo que estaríamos nesse lugar e bem longe do mundo. Já já, ela passa por aí.

Texto publicado no jornal 7x7, para a Bienal Sesc de Dança

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