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O confete da Índia


© Nilmar Lage

No meio da composição, a coisa está lá e

quanto mais se mexe, mais é ouvida.

Como se por muitas horas, uma pessoa, no fundo

do poço, uivasse, se debatesse, não para ser salva mas para

continuar presa: consciente de que não foi esquecida, de que está

consigo mesma e com quem a puder escutar.

A coisa nunca irá se sentir em casa –

o conforto convida a coisa que dói na coisa a mudar de assunto.

A coisa vive sem ver o resto, vive mesmo sem querer viver

e persiste com a intenção de nascer no mundo de quem

se retira, de quem desiste.

Texto publicado no jornal 7x7, para a Bienal Sesc de Dança

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